Um ano e meio atrás, Barack Obama, recém-eleito presidente dos EUA, lançou um plano de estímulo da economia que previa nada menos que U$ 62 bilhões em investimentos diretos e US$ 20 bilhões em incentivos fiscais associados à área ambiental – 10% dos US$ 787 bilhões do conjunto do plano. Na época, Josh Dorner, porta-voz do Sierra Club, maior organização ambientalista do país, chegou a declarar que este era um investimento “sem precedentes na construção de uma economia baseada em energias limpas”.
O plano destinou U$ 8,4 bilhões para transportes públicos urbanos, US$ 8 bilhões para transportes ferroviários, US$ 7,5 bilhões para energias renováveis, US$ 6,3 bilhões para programas estaduais e locais de eficiência energética, US$ 5 bilhões para melhorar o isolamento térmico de residências, dentre outros investimentos. Também foi destinado meio bilhão para o treinamento de trabalhadores para funções ligadas à sustentabilidade.
Agora começam a ficar evidentes as virtudes de tantos investimentos. A revista Time publicou, na semana passada, um artigo que destrincha como o plano de estímulo está mudando o país. No que diz respeito à sustentabilidade, a matéria revela como o pacote está ajudando a deslanchar a produção de energias renováveis e carros elétricos. As energias alternativas haviam perdido as suas fontes de financiamento devido à crise financeira, mas essa lacuna foi preenchida pelo dinheiro federal. “O pacote converteu o Departamento de Energia no maior fundo de venture capital do mundo”, diz o texto.
No ano passado, o potencial de geração eólica aumentou em 10 mil megawatts e os projetos solares (tanto térmicos quanto fotovoltaicos) estão se multiplicando. Agora, há boas chances de que os EUA superem a meta de Obama de dobrar a presença das renováveis na matriz energética do país até 2012.
A iniciativa também está promovendo um crescimento extraordinário da indústria de veículos elétricos. No ano passado, havia apenas duas empresas no país produzindo modelos modernos de baterias de íon de lítio, essenciais para o seu funcionamento. Graças ao pacote, 30 outras empresas estão entrando nesse mercado e a capacidade de produção do EUA, que se limitava a 1% do mercado global, passará a 20%. Esse parque industrial produzirá anualmente meio milhão de veículos entre elétricos e híbridos.
A Time ilustra essa expansão contando a história de uma das empresas beneficiadas, a A123 Systems, fabricante de baterias de íon de lítio. Hoje ela tem 1.800 empregados e cinco indústrias na China e, com os US$ 249 milhões que recebeu do governo, poderá construir mais duas fábricas no estado de Michigan. Pelo menos quatro de seus fornecedores também foram beneficiados pelo plano de estímulo, que também está financiando três fábricas de carros elétricos – uma delas uma unidade da General Motors fechada durante a crise. Por fim, o dinheiro federal está sendo usado para aumentar em 3.200% o número de postos para recarregar as baterias elétricas no país. Quer dizer, toda a cadeia de negócios ligada a carros elétricos está sendo fomentada.