Autor: Amália Safatle

Diante dos limites planetários e das atuais demandas sociais, a inovação é vista como chave para virar o jogo da sustentabilidade Depois que descobriu a fórmula para produzir etanol com alto rendimento a partir do bagaço e palha da cana, utilizando um consórcio de microrganismos, o jovem cientista Douglas Spalato, 25 anos, bem que poderia vendê-la para uma multinacional. Mas fez diferente. Junto com o irmão e uma colega, instalou o próprio laboratório, em Sorocaba (SP), para ir longe na inovação. O invento despertou a atenção de um importante investidor internacional – a World-Transforming Technologies (WTT) [1] –, que injetou…

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Por Amália Safatle Processos marcados pela diversidade de atores e papéis correm em paralelo à governança global oficial, integrando o que o advogado Eduardo Felipe Matias chama de círculo virtuoso da sustentabilidade Mais que fichas, muita esperança é depositada na Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima a se realizar em Paris ao fim deste ano. Embora relevante pela legitimidade e poder de abarcar cerca de 200 países, a governança global da sustentabilidade limita-se cada vez menos a este arcabouço oficial das Nações Unidas. Processos marcados pela diversidade de atores e papéis correm em paralelo,…

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Por Amália Safatle Antes de iniciar esta entrevista, Fernando Reinach mostrou a cópia de uma reportagem com a seguinte manchete: “Chove. Mas Cantareira está cada vez mais vazio”. Com data de novembro de 2003, poderia enganar o leitor mais distraído de que se trataria de uma matéria atual. A reportagem cita a população que, nas ruas, começa a cobrar da Sabesp uma atitude em relação ao racionamento de água. Reinach também mostrou um gráfico, indicando no sobe e desce do volume acumulado no Cantareira a flutuação ditada pelo ritmo de chuvas no verão e o esvaziamento natural no inverno, ano…

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Por Amália Safatle Tem horas em que a gente precisa chegar à profundidade do poço para conseguir lidar com uma determinada situação. Explorar a tragédia, para ver se dali sai alguma reação. A água é um elemento simbólico demais porque não está só no viver de cada dia, vai da sobrevivência básica ao etéreo, é emoção, existência, essência. A falta dela deixa tudo em suspenso. Tem cor de ameaça, pega fundo no peito. É humilhante. Bruno lembra do pai geólogo, da faculdade de Biologia que cursou, da primeira exposição na vida como fotógrafo, usando a água como mote.  Uma mistura…

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Por Amália Safatle Depois de morar quatro anos na China, entre 2007 e 2011, Roberto Dumas Damas passou a enxergar muito além da clássica imagem do chinês e sua bicicleta. Mesmo porque a China vive novos tempos em sua linha de desenvolvimento econômico, adotando outros motores de crescimento com um olho na sustentabilidade. Mas o que mais aprendeu foi a quebrar estereótipos e preconceitos. Nesta entrevista, ele conta o que vivenciou quando esteve no Oriente para ajudar empresas brasileiras na China, onde chegou a dar aulas. Viu um país de grande diversidade cultural e étnica, e que talvez deva a…

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Por Amália Safatle “O filme Interestelar mostra uma sociedade no futuro próximo que só está preocupada com a sobrevivência. É uma sociedade de fazendeiros, excessivamente voltados para a terra. As plantações são dizimadas continuamente por pragas, porque a sociedade se concentrou em um só aspecto. Mas nós somos dois aspectos: terra e céu.” Assim Amâncio Friaça acaba resumindo o espírito desta entrevista concedida em um pátio do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. De composição química mais correlata à do Cosmos do que à da própria Terra, somos uma espécie de elo entre chão e…

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Por Amália Safatle Isso aqui é química pura. Não me refiro só às substâncias presentes no rolo do filme e nas bandejas de reveladores e fixadores. Falo da cumplicidade entre duas fotógrafas, cada qual em um hemisfério, que trabalharam em uma parceria às escuras para dar à luz um terceiro elemento. Assim funciona a química também, não é? Um elemento combinado a outro dá origem a um terceiro. Pois foi assim mesmo que aconteceu. Marina Goulart clicou o verão brasileiro em um rolo de 36 poses. Em vez de revelar o filme, o enviou a Raquel Fialho, fotógrafa portuguesa. Esta…

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Por Amália Safatle Na parede de uma sala da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, o relógio marcava as horas atrasado. Descompassado no tempo, parecia funcionar como peça de resistência, fazendo jus às palavras rebeldes de Martí Peran, que ali se apresentava. Este crítico de arte, curador e professor da Universidade de Barcelona esteve no Brasil em setembro, aceitando o convite do Instituto de Estudos Avançados (IEA) para discorrer sobre como a fadiga que acomete a sociedade contemporânea e hiperativa pode servir de inflexão para a nossa emancipação. Citando intelectuais como o escritor e ensaísta Eloy Fernández…

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Por Amália Safatle “A minha esperança é de que, esgotado o capital natural, comecemos a ‘explorar’ o capital espiritual: nossa capacidade de conviver com respeito, em sintonia com os ritmos da natureza”, afirma o teólogo Leonardo Boff nesta entrevista concedida a PÁGINA22 por e-mail. Segundo ele, esse seria o legado maior da crise que estamos sofrendo. Boff evoca a necessidade de cultivar a razão sensível para conseguirmos enfrentar a crise civilizatória que ameaça a vida na Terra. A sociedade ocidental chegou ao ponto em que as coisas mais valiosas e prazerosas da vida têm ficado escassas – ar puro, banho…

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Por Amália Safatle Trocando em miúdos, internalizar externalidades significa responsabilizar os causadores do problema. “Significa que, em vez de todo mundo pagar o pato, que pague o pato quem é responsável por ele”, explica, didaticamente, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Carlos Eduardo Frickmann Young, um estudioso da Economia do Meio Ambiente. Mas, se a teoria parece fácil, a prática depara-se com questões que fogem à técnica e dependem da política. Para ele, falta interesse em precificar os custos socioambientais, pois os projetos ficariam menos atraentes e com menor visibilidade. Young dá como exemplo a crise hídrica.…

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