O fenômeno climático El Niño, fator de peso para as chuvas volumosas que têm caído neste verão nas regiões Sudeste e Sul do País, deve perder força a partir de abril, dizem climatologistas. Por isso, o Consórcio PCJ, associação civil composta por entes públicos e privados do interior de São Paulo e Sul de Minas Gerais, recomenda não baixar a guarda no que se refere ao enfrentamento da crise hídrica.
“As fortes chuvas podem causar a falsa impressão de que a crise foi contornada. Rios cheios, causando inundações, passam a sensação para a comunidade de que vivemos momentos de fartura de água, o que não é realidade”, diz o PCJ, em comunicado à imprensa. O consórcio explica que apenas 20% do volume das precipitações acaba chegando ao lençol freático. Por isso, ainda é necessária muita chuva para recuperar o rebaixamento do lençol e a recarga dos aquíferos, bastante prejudicados pela forte estiagem dos últimos anos.
A entidade qualifica como prematuro o aumento das vazões de retirada do Sistema Cantareira, em São Paulo, em razão das incertezas climatológicas para 2016. “Não está descartada a repetição de severa seca como a dos últimos dois anos.” Com o atraso em obras como a do Sistema São Lourenço, o consórcio propõe medidas alternativas, entre elas a construção de bacias de retenção em estradas vicinais e o aproveitamento da água represada nos piscinões da Região Metropolitana de São Paulo. Segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (Daee), o volume total de água reservada pelos 28 piscinões da RMSP seria de 5 bilhões de litros se esses reservatórios estivessem desassoreados. Tal volume poderia abastecer por um mês, de forma ininterrupta, uma população de pouco mais de 1 milhão de habitantes.