A mortandade de abelhas que a imprensa do Hemisfério Norte tem noticiado há anos e que não parece encontrar barreiras está acelerando. “Estamos chegando a um ponto crítico”, declarou Steve Ellis, secretário do Conselho Consultivo Nacional de Abelhas Melíferas, durante um evento promovido pelos apicultores americanos em parceria com ambientalistas dias atrás. O website Grist traz uma ótimo artigo sobre o encontro. No ano passado, Ellis, que cria abelhas há 35 anos, testemunhou tantas mortes inexplicáveis de insetos que se qualificou para receber ajuda emergencial do governo federal.
Este infográfico produzido no ano passado pelo Daily Infographic resume o problema: até poucos anos atrás, cerca de 15% das populações de abelhas morriam a cada inverno. Hoje, a porcentagem subiu para 21% no Canadá e quase 34% nos Estados Unidos. Clique na imagem para ir ao post onde ele pode ser lido na íntegra.
Um dos principais responsáveis é o chamado Distúrbio de Colapso de Colônia (CCD), que pode dizimar uma colônia em poucos dias e que também foi relatado por apicultores de uma dezena de países europeus. A origem dessa quase epidemia continua nebulosa. O CCD já foi atribuído a uma lista enorme de fatores: vírus, pesticidas e outros tipos de estresse ambiental, ausência de alimento em quantidade suficiente, radiação emitida por torres de telefonia celular, adoção de sementes transgênicas, a crescente uniformidade genética derivada da industrialização da criação de abelhas. No entanto, até agora, as pesquisas não foram conclusivas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, por exemplo, soltou no ano passado um documento que aventa a possibilidade de haver aí uma combinação de fatores, um mix de contaminação ambiental e microorganismos predadores e oportunistas. Já os produtores de abelhas apontam o dedo para os pesticidas, com destaque para os neonicotinóides, que têm uma estrutura semelhante à da nicotina. “Eles desempenham um papel importante no que está acontecendo”, disse Dave Hackenberg, outro dirigente do Conselho Consultivo e apicultor no estado da Pennsylvania.
Estes dois documentários em inglês tentam explorar todos esses cenários:
O comprometimento da sobrevivência das abelhas pode ser, é claro, tremendamente desastroso para os produtores rurais – e não apenas para aqueles que produzem mel. Estes insetos são responsáveis pela polinização de dezenas de espécies comerciais, das maçãs aos cajús. Os mesmos produtores que podem estar matando as abelhas com o uso de transgênicos e agroquímicos provavelmente verão sua produtividade despencar num futuro não muito distante. Não deixa de ser irônico.
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A mortandade de abelhas que a imprensa do Hemisfério Norte tem noticiado há anos e que não parece encontrar barreiras está acelerando. “Estamos chegando a um ponto crítico”, declarou Steve Ellis, secretário do Conselho Consultivo Nacional de Abelhas Melíferas, durante um evento promovido pelos apicultores americanos em parceria com ambientalistas dias atrás. O website Grist traz uma ótimo artigo sobre o encontro. No ano passado, Ellis, que cria abelhas há 35 anos, testemunhou tantas mortes inexplicáveis de insetos que se qualificou para receber ajuda emergencial do governo federal.
Este infográfico produzido no ano passado pelo Daily Infographic resume o problema: até poucos anos atrás, cerca de 15% das populações de abelhas morriam a cada inverno. Hoje, a porcentagem subiu para 21% no Canadá e quase 34% nos Estados Unidos. Clique na imagem para ir ao post onde ele pode ser lido na íntegra.
Um dos principais responsáveis é o chamado Distúrbio de Colapso de Colônia (CCD), que pode dizimar uma colônia em poucos dias e que também foi relatado por apicultores de uma dezena de países europeus. A origem dessa quase epidemia continua nebulosa. O CCD já foi atribuído a uma lista enorme de fatores: vírus, pesticidas e outros tipos de estresse ambiental, ausência de alimento em quantidade suficiente, radiação emitida por torres de telefonia celular, adoção de sementes transgênicas, a crescente uniformidade genética derivada da industrialização da criação de abelhas. No entanto, até agora, as pesquisas não foram conclusivas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, por exemplo, soltou no ano passado um documento que aventa a possibilidade de haver aí uma combinação de fatores, um mix de contaminação ambiental e microorganismos predadores e oportunistas. Já os produtores de abelhas apontam o dedo para os pesticidas, com destaque para os neonicotinóides, que têm uma estrutura semelhante à da nicotina. “Eles desempenham um papel importante no que está acontecendo”, disse Dave Hackenberg, outro dirigente do Conselho Consultivo e apicultor no estado da Pennsylvania.
Estes dois documentários em inglês tentam explorar todos esses cenários:
O comprometimento da sobrevivência das abelhas pode ser, é claro, tremendamente desastroso para os produtores rurais – e não apenas para aqueles que produzem mel. Estes insetos são responsáveis pela polinização de dezenas de espécies comerciais, das maçãs aos cajús. Os mesmos produtores que podem estar matando as abelhas com o uso de transgênicos e agroquímicos provavelmente verão sua produtividade despencar num futuro não muito distante. Não deixa de ser irônico.