Por Amália Safatle
Reafirmadas as limitações do processo formal da ONU na direção do futuro que queremos, mais do que nunca a bola está com a sociedade civil. Como fazer – e bancar – a transição para um novo modelo é a agenda do dia
Ainda no calor do encerramento da Rio+20, mas com a poeira se assentando, surge com mais clareza o cenário que nos cerca: sim, o documento final O futuro que queremos foi morno e pouco ambicioso, entretanto, olhando bem, diversos “ganchos” que saem dali podem ser transformados em ações práticas. Por quem? Por nós, por todo mundo. Nada mais coerente com a característica da sociedade contemporânea, de lideranças orgânicas e articulações descentralizadas, em busca de uma nova governança em rede – com menos palavrório, burocracia e hierarquia, e mais mão na massa.
Ninguém disse que será fácil. É preciso envolver o ator formal – o governo –, único capaz de dar escala às transformações, por meio de políticas de amplo alcance, e garantir um ambiente institucional seguro às iniciativas da sociedade civil, que, vale lembrar, inclui o empresariado. Na outra mão da mesma via, o reprentante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, Bruno Ribeiro de Paiva, reconhece: “O governo não tem condição de avançar nisso sem ampla participação social”.
Alguns especialistas ouvidos por Página22 sintetizam assim o resultado da Rio+20: uma evolução, ainda que ofuscada pelo clima de desapontamento com o documento final, precisa ser percebida: hoje não se discute mais, como se fazia até pouco tempo atrás, se o caminho deve ser ou não o do desenvolvimento sustentável. Isto se tornou um ponto pacífico e a aposta é que a transição se dará em poucas décadas, de forma inevitável.
“Não temos como fazer uma ruptura e nem temos tempo de fazer uma transição demorada. Então, o que temos de fazer é uma mutação”, escolhe as palavras a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Aron Belinky, coordenador de processos inter nacionais do Vitae Civilis, recorre a uma figura de linguagem para ilustrar este momento: “Já se sabe qual deve ser o caminho e todos já estão dentro do ônibus. A disputa agora é por melhor ou pior posicionamento: quem senta na janelinha, quem fica perto do banheiro e quem dá palpite pro motorista”, compara. Quem se tem posicionado melhor?
Ultrapassagem
Na belíssima orla carioca, uma estrutura resplandece na noite: uma construção de andaime – remetendo ao delicado equilíbrio da sustentabilidade e ao futuro a construir – é a atração de olhares e de visitantes, que lotam o espaço com filas imensas. No Forte de Copacabana, a Fiesp e o Sistema Firjan, com apoio da Fundação Roberto Marinho e da Prefeitura do Rio, montaram o Humanidade, espaço de debates, apresentações musicais e uma exposição artística de encher de olhos, com um quórum total de 210 mil participantes.
“As empresas, que na Rio 92 haviam entrado ‘pela porta dos fundos’, desta vez souberam se posicionar e se comunicar, usando uma linguagem moderna, con- temporânea, que o restante da sociedade civil não soube fazer”, avalia Fabio Feldmann, que se intitula ambientalista, em autocrítica do movimento socioambiental na Cúpula dos Povos, no Aterro no Flamengo – espaço destinado às tendas das ONGs e movimentos sociais.
De fato, houve quem considerasse a Cúpula dos Povos um “Fórum Social Mundial piorado”, e que a disparidade de recursos disponíveis para investir nos dois espaços não deveria ser usada como justificativa. A verba limitada não impede o exercício da criatividade e da inovação, esperados de uma sociedade civil que poderia estar mais articulada e, por exemplo, envolver o público com a participação gratuita de artistas e celebridades engajadas (mais em reportagem “Juntos, mas nem tanto”).
Sentar-se ao lado
“É preciso trazer para trabalhar com a gente a porção mais cosmopolita do setor privado, aquela que tem visão e enxerga oportunidades. Essa, inclusive, é uma maneira de isolarmos o segmento empresarial mais atrasado”, propõe Feldmann.
Como admite Marina, “a sociedade civil [exceto as empresas] que em 92 estava na ponta de lança, agora sofreu dispersão”. Muito por conta dos novos formatos de participação, diz Belinky.
Ele lembra que, em 1992, a ONU não permitia side events, os eventos paralelos no pavilhão do Riocentro. Todos os que não fossem governo estavam – juntos – do lado de fora dos portões, inclusive as empresas. “Desta vez, ao abrir uma participação parcial no Riocentro, a ONU constituiu e ao mesmo tempo diluiu o espaço de articulação”, avalia. “Por um lado é um sintoma de que a sociedade civil passou a ter alguma voz, mas por outro é uma voz ainda sem poder decisório.”
O resultado é que pequenos núcleos dessa sociedade se dispersaram na cidade de trânsito caótico durante a Rio+20. Acadêmicos reuniram-se na PUC, na Gávea; empresários no Hotel Windsor, na Barra; as ONGs no Flamengo; e os economistas ecológicos no Centro da cidade. Dividir para conquistar? A população carioca, apartada da própria cidade que acolheu a Conferência, teve de conviver com batedores das comitivas oficiais, destacados pelo governo brasileiro, que travavam o trânsito com suas motos, sirenes e, segundo relatos, até chutes na porta de carros – além de um atropelamento.
Enquanto as manifestações se espalhavam em marchas difusas, o setor privado “cosmopolita”, para usar o termo de Feldmann, mostrou foco. Tem uma percepção de que a transição acontecerá cedo ou tarde e agora a preocupação é participar dela da maneira mais vantajosa possível. A questão é: como migrar para uma nova economia com tanto investimento já aportado na velha economia? Como diz Marina: “Uma produção mais descentralizada de energia é um sonho, mas alguém levantou: ‘Isso vai deixar na mão quem já investiu tanto em grandes hidrelétricas’”.
Solavancos
A escolha será pela adaptação planejada ou pela dor. Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA-USP, lembra que relatórios de consultorias como KPMG, McKinsey e Price não passam a mão na cabeça das empresas. “Todos esses estudos dizem que o business as usual está condenado.” Por exemplo, para cada dólar de lucro, se forem descontados os custos ambientais relativos a água, clima e resíduos, deveriam ser subtraídos 41 centavos [1]. Isso indica que as empresas estão no limiar de novas fontes de risco, passando a ter de pagar pelo que não pagam hoje. “Como elas vão fazer? Precisam se preparar”, diz.
[1] Informação à página 56 do relatório Expect the Unexpected: Building business value in a changing world, da KPMG
“A ‘régua’ subiu, mas ainda não existem arcabouço e instrumentos macroeconômicos para dar suporte a essa transição”, diz Ricardo Young, empresário e conselheiro do Instituto Ethos. “As pessoas no núcleo duro ainda não trabalham com isso, estão ocupadas em operar o sistema em um prazo que passou de curto para curtíssimo [por conta da crise financeira].”
O caminho será pressionar pelas bordas. Da Rio+20, saíram mais de 700 compromissos voluntários entre empresas, academia e ONGs, que movimentarão US$ 513 bilhões na próxima década, e mostram o fortalecimento dos espaços autônomos (leia mais).
É possível que a pressão que resulta de uma opinião pública mais amadurecida quanto ao tema do desenvolvimento sustentável esteja influindo no núcleo duro – a ponto de termos o Banco Central submetendo à consulta pública duas propostas sobre a responsabilidade socioambiental das instituições financeiras (mais em reportagem “Análise de risco”), e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) defendendo a taxação de produtos e serviços poluentes e a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis. Iniciativas inimagináveis há bem pouco tempo.
No fundo do ônibus
Ainda assim, a visão dos “sustentabilistas” é que o atual governo anfitrião deixou passar uma oportunidade única de liderar essa transição histórica que começamos a viver.
Dias antes do desfecho da Conferência, Marina Silva tentou passar um recado, dizendo que “temos uma mulher no Velho Mundo [Angela Merkel] liderando a busca de saídas para a crise econômica no mundo. E temos a oportunidade de uma mulher no Novo Mundo liderar a busca de saídas para a crise civilizatória”.
Mas, para Feldmann, essa oportunidade foi jogada fora. “[Fernando] Collor se saiu melhor que Dilma [Rousseff] – e isso há 20 anos. O Brasil não percebeu a liderança que se espera dele. Sob o pretexto de que é anfitrião, não quis assumir risco. Seu grande desejo é o assento no Conselho de Segurança da ONU. Mas, se fosse reconhecido como líder, aceleraria esse processo”, avalia.
Segundo uma fonte que prefere não se identificar, já se ouviu que a presidente Dilma não acredita que o aquecimento global seja causado pela ação humana – o que faz toda a diferença na condução de um processo como o da Rio+20.
Gro Brundtland, que liderou a comissão responsável por cunhar o termo “desenvolvimento sustentável” em 1987 [2] , afirma à Página22: “As pessoas são mais importantes que as decisões dos governos. Somos nós que devemos chamar os líderes a mudar. Precisamos chacoalhar toda a sociedade. Não é suficiente apenas apoiar líderes. Precisamos ser os próprios líderes e estamos todos juntos nisso”.
[2] Ano de publicação do relatório Nosso Futuro Comum
Saiba quem é a garota da capa de Página22.
(colaborou Juliana Arini)[:en]Reafirmadas as limitações do processo formal da ONU na direção do futuro que queremos, mais do que nunca a bola está com a sociedade civil. Como fazer – e bancar – a transição para um novo modelo é a agenda do dia
Ainda no calor do encerramento da Rio+20, mas com a poeira se assentando, surge com mais clareza o cenário que nos cerca: sim, o documento final O futuro que queremos foi morno e pouco ambicioso, entretanto, olhando bem, diversos “ganchos” que saem dali podem ser transformados em ações práticas. Por quem? Por nós, por todo mundo. Nada mais coerente com a característica da sociedade contemporânea, de lideranças orgânicas e articulações descentralizadas, em busca de uma nova governança em rede – com menos palavrório, burocracia e hierarquia, e mais mão na massa.
Ninguém disse que será fácil. É preciso envolver o ator formal – o governo –, único capaz de dar escala às transformações, por meio de políticas de amplo alcance, e garantir um ambiente institucional seguro às iniciativas da sociedade civil, que, vale lembrar, inclui o empresariado. Na outra mão da mesma via, o reprentante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, Bruno Ribeiro de Paiva, reconhece: “O governo não tem condição de avançar nisso sem ampla participação social”.
Alguns especialistas ouvidos por Página22 sintetizam assim o resultado da Rio+20: uma evolução, ainda que ofuscada pelo clima de desapontamento com o documento final, precisa ser percebida: hoje não se discute mais, como se fazia até pouco tempo atrás, se o caminho deve ser ou não o do desenvolvimento sustentável. Isto se tornou um ponto pacífico e a aposta é que a transição se dará em poucas décadas, de forma inevitável.
“Não temos como fazer uma ruptura e nem temos tempo de fazer uma transição demorada. Então, o que temos de fazer é uma mutação”, escolhe as palavras a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Aron Belinky, coordenador de processos inter nacionais do Vitae Civilis, recorre a uma figura de linguagem para ilustrar este momento: “Já se sabe qual deve ser o caminho e todos já estão dentro do ônibus. A disputa agora é por melhor ou pior posicionamento: quem senta na janelinha, quem fica perto do banheiro e quem dá palpite pro motorista”, compara. Quem se tem posicionado melhor?
Ultrapassagem
Na belíssima orla carioca, uma estrutura resplandece na noite: uma construção de andaime – remetendo ao delicado equilíbrio da sustentabilidade e ao futuro a construir – é a atração de olhares e de visitantes, que lotam o espaço com filas imensas. No Forte de Copacabana, a Fiesp e o Sistema Firjan, com apoio da Fundação Roberto Marinho e da Prefeitura do Rio, montaram o Humanidade, espaço de debates, apresentações musicais e uma exposição artística de encher de olhos, com um quórum total de 210 mil participantes.
“As empresas, que na Rio 92 haviam entrado ‘pela porta dos fundos’, desta vez souberam se posicionar e se comunicar, usando uma linguagem moderna, con- temporânea, que o restante da sociedade civil não soube fazer”, avalia Fabio Feldmann, que se intitula ambientalista, em autocrítica do movimento socioambiental na Cúpula dos Povos, no Aterro no Flamengo – espaço destinado às tendas das ONGs e movimentos sociais.
De fato, houve quem considerasse a Cúpula dos Povos um “Fórum Social Mundial piorado”, e que a disparidade de recursos disponíveis para investir nos dois espaços não deveria ser usada como justificativa. A verba limitada não impede o exercício da criatividade e da inovação, esperados de uma sociedade civil que poderia estar mais articulada e, por exemplo, envolver o público com a participação gratuita de artistas e celebridades engajadas (mais em reportagem “Juntos, mas nem tanto”).
Sentar-se ao lado
“É preciso trazer para trabalhar com a gente a porção mais cosmopolita do setor privado, aquela que tem visão e enxerga oportunidades. Essa, inclusive, é uma maneira de isolarmos o segmento empresarial mais atrasado”, propõe Feldmann.
Como admite Marina, “a sociedade civil [exceto as empresas] que em 92 estava na ponta de lança, agora sofreu dispersão”. Muito por conta dos novos formatos de participação, diz Belinky.
Ele lembra que, em 1992, a ONU não permitia side events, os eventos paralelos no pavilhão do Riocentro. Todos os que não fossem governo estavam – juntos – do lado de fora dos portões, inclusive as empresas. “Desta vez, ao abrir uma participação parcial no Riocentro, a ONU constituiu e ao mesmo tempo diluiu o espaço de articulação”, avalia. “Por um lado é um sintoma de que a sociedade civil passou a ter alguma voz, mas por outro é uma voz ainda sem poder decisório.”
O resultado é que pequenos núcleos dessa sociedade se dispersaram na cidade de trânsito caótico durante a Rio+20. Acadêmicos reuniram-se na PUC, na Gávea; empresários no Hotel Windsor, na Barra; as ONGs no Flamengo; e os economistas ecológicos no Centro da cidade. Dividir para conquistar? A população carioca, apartada da própria cidade que acolheu a Conferência, teve de conviver com batedores das comitivas oficiais, destacados pelo governo brasileiro, que travavam o trânsito com suas motos, sirenes e, segundo relatos, até chutes na porta de carros – além de um atropelamento.
Enquanto as manifestações se espalhavam em marchas difusas, o setor privado “cosmopolita”, para usar o termo de Feldmann, mostrou foco. Tem uma percepção de que a transição acontecerá cedo ou tarde e agora a preocupação é participar dela da maneira mais vantajosa possível. A questão é: como migrar para uma nova economia com tanto investimento já aportado na velha economia? Como diz Marina: “Uma produção mais descentralizada de energia é um sonho, mas alguém levantou: ‘Isso vai deixar na mão quem já investiu tanto em grandes hidrelétricas’”.
Solavancos
A escolha será pela adaptação planejada ou pela dor. Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA-USP, lembra que relatórios de consultorias como KPMG, McKinsey e Price não passam a mão na cabeça das empresas. “Todos esses estudos dizem que o business as usual está condenado.” Por exemplo, para cada dólar de lucro, se forem descontados os custos ambientais relativos a água, clima e resíduos, deveriam ser subtraídos 41 centavos [1]. Isso indica que as empresas estão no limiar de novas fontes de risco, passando a ter de pagar pelo que não pagam hoje. “Como elas vão fazer? Precisam se preparar”, diz.
[1] Informação à página 56 do relatório Expect the Unexpected: Building business value in a changing world, da KPMG
“A ‘régua’ subiu, mas ainda não existem arcabouço e instrumentos macroeconômicos para dar suporte a essa transição”, diz Ricardo Young, empresário e conselheiro do Instituto Ethos. “As pessoas no núcleo duro ainda não trabalham com isso, estão ocupadas em operar o sistema em um prazo que passou de curto para curtíssimo [por conta da crise financeira].”
O caminho será pressionar pelas bordas. Da Rio+20, saíram mais de 700 compromissos voluntários entre empresas, academia e ONGs, que movimentarão US$ 513 bilhões na próxima década, e mostram o fortalecimento dos espaços autônomos (leia mais).
É possível que a pressão que resulta de uma opinião pública mais amadurecida quanto ao tema do desenvolvimento sustentável esteja influindo no núcleo duro – a ponto de termos o Banco Central submetendo à consulta pública duas propostas sobre a responsabilidade socioambiental das instituições financeiras (mais em reportagem “Análise de risco”), e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) defendendo a taxação de produtos e serviços poluentes e a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis. Iniciativas inimagináveis há bem pouco tempo.
No fundo do ônibus
Ainda assim, a visão dos “sustentabilistas” é que o atual governo anfitrião deixou passar uma oportunidade única de liderar essa transição histórica que começamos a viver.
Dias antes do desfecho da Conferência, Marina Silva tentou passar um recado, dizendo que “temos uma mulher no Velho Mundo [Angela Merkel] liderando a busca de saídas para a crise econômica no mundo. E temos a oportunidade de uma mulher no Novo Mundo liderar a busca de saídas para a crise civilizatória”.
Mas, para Feldmann, essa oportunidade foi jogada fora. “[Fernando] Collor se saiu melhor que Dilma [Rousseff] – e isso há 20 anos. O Brasil não percebeu a liderança que se espera dele. Sob o pretexto de que é anfitrião, não quis assumir risco. Seu grande desejo é o assento no Conselho de Segurança da ONU. Mas, se fosse reconhecido como líder, aceleraria esse processo”, avalia.
Segundo uma fonte que prefere não se identificar, já se ouviu que a presidente Dilma não acredita que o aquecimento global seja causado pela ação humana – o que faz toda a diferença na condução de um processo como o da Rio+20.
Gro Brundtland, que liderou a comissão responsável por cunhar o termo “desenvolvimento sustentável” em 1987 [2] , afirma à Página22: “As pessoas são mais importantes que as decisões dos governos. Somos nós que devemos chamar os líderes a mudar. Precisamos chacoalhar toda a sociedade. Não é suficiente apenas apoiar líderes. Precisamos ser os próprios líderes e estamos todos juntos nisso”.
[2] Ano de publicação do relatório Nosso Futuro Comum
Saiba quem é a garota da capa de Página22.
(colaborou Juliana Arini)