Inseticidas amplamente utilizados nas culturas de girassol, algodão e soja podem estar por trás do declínio das colônias de abelhas no Hemisfério Norte. O chamado Distúrbio de Colapso de Colônia (CCD) foi assunto de um post detalhado do início do ano passado, A sobrevivência das abelhas em xeque. Desde então, o problema piorou. Entre 40% e 50% das colméias dos Estados Unidos morreram nos últimos anos e os apicultores franceses falam em 30%. O preço do mel nos EUA cresceu 50% desde 2008, em parte devido à escassez do produto. As causas continuam nebulosas, mas vários estudos associam o fenômeno à contaminação por uma família de pesticidas relativamente recentes, os neonicotinóides, e tal associação começa a ser referendadas por órgãos oficiais, como a Autoridade Europeia pela Segurança dos Alimentos, principal foro de discussão de tais assuntos na União Europeia.
Agrotóxicos derivados da nicotina passaram a dominar o mercado a partir de 2005, ano do início do declínio das colônias de abelhas. A coincidência é apontada por artigo publicado na sexta pelo The New York Times. Mais de 30 estudos científicos realizados nos últimos três anos indicaram os efeitos negativos dessas substâncias sobre as abelhas. Eles parecem atacar o sistema nervoso de vários insetos, que estariam sendo expostos ao ingerirem o pólen de plantas tratadas.
Os neonicotinóides são fabricados por apenas duas multinacionais, Bayer e Syngenta, que vieram a público negar o suposto papel deletério de seus produtos e propor que o assunto seja estudado a fundo, antes que os inseticidas sejam proibidos. Os defensores do produto, e não só as fabricantes mas também associações de agricultores, também argumentam que os nicotinóides estão levando uma culpa que deveria ser compartilhada com outros elementos, como secas excessivas e as mudanças climáticas, e que esses inseticidas são comparativamente menos tóxicos que outros produtos no mercado.
A mobilização para banir os neonicotinóides já está nas ruas e nos tribunais. Na semana passada, apicultores e ambientalistas dos Estados Unidos entraram com uma ação na Justiça contra a Agência Ambiental Americana, para tentar forçá-la a banir ou estabelecer regras rigorosas para a comercialização de neonicotinóides e outros pesticidas. A EPA foi acusada, por exemplo, de aprovar vários defensivos com condicionantes, o que permitiu que os fabricantes saltassem etapas de aprovação. Desde 2000, mais de dois terços dos pesticidas aprovados no país teriam passado por esse atalho. Os neonicotinóides também estão sendo combatidos na Europa. Em meados de março, a União Europeia esteve perto de banir a sua comercialização, sem sucesso (apenas 13 dos 27 países-membros votaram a favor da proibição). Mas a previsão é que a discussão volte à pauta da UE em breve.[:en]
Inseticidas amplamente utilizados nas culturas de girassol, algodão e soja podem estar por trás do declínio das colônias de abelhas no Hemisfério Norte. O chamado Distúrbio de Colapso de Colônia (CCD) foi assunto de um post detalhado do início do ano passado, A sobrevivência das abelhas em xeque. Desde então, o problema piorou. Entre 40% e 50% das colméias dos Estados Unidos morreram nos últimos anos e os apicultores franceses falam em 30%. O preço do mel nos EUA cresceu 50% desde 2008, em parte devido à escassez do produto. As causas continuam nebulosas, mas vários estudos associam o fenômeno à contaminação por uma família de pesticidas relativamente recentes, os neonicotinóides, e tal associação começa a ser referendadas por órgãos oficiais, como a Autoridade Europeia pela Segurança dos Alimentos, principal foro de discussão de tais assuntos na União Europeia.
Agrotóxicos derivados da nicotina passaram a dominar o mercado a partir de 2005, ano do início do declínio das colônias de abelhas. A coincidência é apontada por artigo publicado na sexta pelo The New York Times. Mais de 30 estudos científicos realizados nos últimos três anos indicaram os efeitos negativos dessas substâncias sobre as abelhas. Eles parecem atacar o sistema nervoso de vários insetos, que estariam sendo expostos ao ingerirem o pólen de plantas tratadas.
Os neonicotinóides são fabricados por apenas duas multinacionais, Bayer e Syngenta, que vieram a público negar o suposto papel deletério de seus produtos e propor que o assunto seja estudado a fundo, antes que os inseticidas sejam proibidos. Os defensores do produto, e não só as fabricantes mas também associações de agricultores, também argumentam que os nicotinóides estão levando uma culpa que deveria ser compartilhada com outros elementos, como secas excessivas e as mudanças climáticas, e que esses inseticidas são comparativamente menos tóxicos que outros produtos no mercado.
A mobilização para banir os neonicotinóides já está nas ruas e nos tribunais. Na semana passada, apicultores e ambientalistas dos Estados Unidos entraram com uma ação na Justiça contra a Agência Ambiental Americana, para tentar forçá-la a banir ou estabelecer regras rigorosas para a comercialização de neonicotinóides e outros pesticidas. A EPA foi acusada, por exemplo, de aprovar vários defensivos com condicionantes, o que permitiu que os fabricantes saltassem etapas de aprovação. Desde 2000, mais de dois terços dos pesticidas aprovados no país teriam passado por esse atalho. Os neonicotinóides também estão sendo combatidos na Europa. Em meados de março, a União Europeia esteve perto de banir a sua comercialização, sem sucesso (apenas 13 dos 27 países-membros votaram a favor da proibição). Mas a previsão é que a discussão volte à pauta da UE em breve.