O movimento Occupy Wall Street – que questiona o sistema financeiro e seus privilégios -, apresentado pela Flávia neste espaço, em primeiríssima mão, no começo de setembro, está crescendo num ritmo alucinante. Milhares de pessoas bateram cartão nos protestos em frente à Bolsa de Valores de Nova York e nas maiores cidades norte-americanas desde 17 de setembro. Na minha minúscula cidade, vi ontem cedo um pequeno acampamento formado por carros e trailers ostentando cartazes: “Occupy Santa Fe!”
“A mensagem é óbvia”, resumiu Jesse Lagreca, um dos manifestantes, à rede de TV CNN: “O 1% mais rico tem se aproveitado da classe trabalhadora. Eles [os bancos] nos vendem produtos financeiros problemáticos, ganham bonificações altíssimas e esperam que a sociedade livre a sua cara”
O apoio ao movimento é crescente. Uma dezena de organizações de trabalhadores já formalizou sua participação. O Sindicato de Trabalhadores dos Transportes, por exemplo, está processando a polícia de Nova York porque seus filiados foram obrigados a transportar manifestantes detidos – e o número de detenções provavelmente já chegou a mil, nestas três semanas (700 foram presos num único dia, sábado retrasado, durante uma marcha na ponte de Brooklyn) .
A lista de celebridades alinhadas com o movimento também se amplia e inclui tanto os muito óbvios – o cineasta Michael Moore, a atriz Susan Sarandon, o linguista Noam Chomsky – quanto os que podem surpreender os desavisados – o zilionário George Soros e o Nobel da Economia Joseph Stiglitz.
E, ao longo da última semana, diversos grupos de militância ambientalista começaram a aderir, juntand0-se aos manifestantes. A 350.org, que está se convertendo numa das principais lideranças no combate às mudanças climáticas convocou seus seguidores: “É tempo de que os ambientalistas e militantes do clima se juntem à luta para restaurar a democracia nos EUA, estrangulada pelos grandes poluidores e empresas”. Em seus protestos, em Wall Street, a 350 também carrega uma de suas principais bandeiras no momento: a oposição ao gasoduto Keystone XL, de 2.700 quilômetros, concebido para cortar o país, do Canadá ao Texas. Sinta o calor da briga neste vídeo, onde Bill McKibben, dirigente da 350 convoca uma manifestação gigante contra o projeto, na frente da Casa Branca, em 6 de novembro: “temos de ocupar Wall Street, porque Wall Street ocupa o clima”.
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Difícil dizer onde o movimento vai parar. Difícil dizer, também, se ele algum dia vai parar.