A escassez de água potável é o maior risco a ser enfrentado pelo planeta nos próximos dez anos. A conclusão, sem firulas, é do relatório Global Risks 2015, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial às vésperas de sua reunião anual em Davos, na Suíça, há poucas semanas, e que não ganhou toda a atenção que merecia. O documento é a décima edição de uma maratona anual de consultas a quase 900 analistas de riscos que atuam em universidades, nas empresas e no Terceiro Setor.
Para os analistas, a falta de água é o maior fator de desestabilização global atual se considerarmos o tamanho do impacto, e o oitavo em termos de probabilidade. Seu impacto pode ser maior do que o da disseminação de doenças infecciosas, como o vírus ébola, as armas de destruição em massa e ausência de medidas de adaptação às mudanças climáticas – riscos que também ocupam o topo desse ranking. Uma segunda lista elenca os riscos considerados mais prováveis. Ela é encabeçada pelos conflitos geopolíticos de impacto regional, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e a expansão do Estado Islâmico, os episódios climáticos extremos, a falência de estruturas de governança nacionais e o desemprego crônico. Note-se que embora os analistas continuem preocupados com a falência dos mecanismos financeiros globais, finalmente deram a devida importância às crises hídrica e climática.
Para corroborar suas conclusões, os autores lembram estimativas de que, até 2030, a demanda por água deverá superar em 40% o volume que poderá ser captado de forma sustentável, comprometendo sobretudo a agricultura, maior consumidora de recursos hídricos, e fomentando tensão em várias áreas mais áridas ou superpovoadas. Se não bastasse, a Agência Internacional de Energia estima que o setor elétrico global deverá ampliar em 85% o volume de água que utiliza até 2035. A água é essencial à geração, seja para o resfriamento de termelétricas e centrais nucleares, seja para a extração de combustíveis fósseis, o plantio de biocombustíveis ou a formação dos reservatórios de hidrelétricas. Por fim, o estudo lembra que o impacto da crise hídrica global tem influência direta sobre inúmeros outros riscos listados no relatório – a perda da biodiversidade e o comprometimento de ecossistemas naturais, a incapacidade de os impactos das mudanças climáticas, o aumento da incidência de doenças crônicas, a insegurança alimentar, as migrações involuntárias em grande escala, a disseminação de doenças infecciosas.
O Global Risks 2015 também indicou que há uma percepção de que estamos muito mais preparados para enfrentar riscos econômicos (como a falência dos principais mecanismos financeiros e a inflação), geopolíticos (ataques terroristas e armas de destruição em massa) e sociais (disseminação de doenças infecciosas e insegurança alimentar), do que para atacar com firmeza os riscos ambientais.
No setor privado, há uma percepção similar, como confirmou estudo divulgado em novembro pelo Carbon Disclosure Project. Dois terços das maiores empresas globais se consideram expostas ao risco de falta d’água e admitem que ele poderia impor mudanças significativas nas suas operações – e 22% delas vão mais longe e veem a escassez como uma possível barreira ao seu crescimento,[:en]
A escassez de água potável é o maior risco a ser enfrentado pelo planeta nos próximos dez anos. A conclusão, sem firulas, é do relatório Global Risks 2015, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial às vésperas de sua reunião anual em Davos, na Suíça, há poucas semanas, e que não ganhou toda a atenção que merecia. O documento é a décima edição de uma maratona anual de consultas a quase 900 analistas de riscos que atuam em universidades, nas empresas e no Terceiro Setor.
Para os analistas, a falta de água é o maior fator de desestabilização global atual se considerarmos o tamanho do impacto, e o oitavo em termos de probabilidade. Seu impacto pode ser maior do que o da disseminação de doenças infecciosas, como o vírus ébola, as armas de destruição em massa e ausência de medidas de adaptação às mudanças climáticas – riscos que também ocupam o topo desse ranking. Uma segunda lista elenca os riscos considerados mais prováveis. Ela é encabeçada pelos conflitos geopolíticos de impacto regional, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e a expansão do Estado Islâmico, os episódios climáticos extremos, a falência de estruturas de governança nacionais e o desemprego crônico. Note-se que embora os analistas continuem preocupados com a falência dos mecanismos financeiros globais, finalmente deram a devida importância às crises hídrica e climática.
Para corroborar suas conclusões, os autores lembram estimativas de que, até 2030, a demanda por água deverá superar em 40% o volume que poderá ser captado de forma sustentável, comprometendo sobretudo a agricultura, maior consumidora de recursos hídricos, e fomentando tensão em várias áreas mais áridas ou superpovoadas. Se não bastasse, a Agência Internacional de Energia estima que o setor elétrico global deverá ampliar em 85% o volume de água que utiliza até 2035. A água é essencial à geração, seja para o resfriamento de termelétricas e centrais nucleares, seja para a extração de combustíveis fósseis, o plantio de biocombustíveis ou a formação dos reservatórios de hidrelétricas. Por fim, o estudo lembra que o impacto da crise hídrica global tem influência direta sobre inúmeros outros riscos listados no relatório – a perda da biodiversidade e o comprometimento de ecossistemas naturais, a incapacidade de os impactos das mudanças climáticas, o aumento da incidência de doenças crônicas, a insegurança alimentar, as migrações involuntárias em grande escala, a disseminação de doenças infecciosas.
O Global Risks 2015 também indicou que há uma percepção de que estamos muito mais preparados para enfrentar riscos econômicos (como a falência dos principais mecanismos financeiros e a inflação), geopolíticos (ataques terroristas e armas de destruição em massa) e sociais (disseminação de doenças infecciosas e insegurança alimentar), do que para atacar com firmeza os riscos ambientais.
No setor privado, há uma percepção similar, como confirmou estudo divulgado em novembro pelo Carbon Disclosure Project. Dois terços das maiores empresas globais se consideram expostas ao risco de falta d’água e admitem que ele poderia impor mudanças significativas nas suas operações – e 22% delas vão mais longe e veem a escassez como uma possível barreira ao seu crescimento,