Talvez em poucos lugares do mundo o território seja uma questão tão fundamental e crítica como no Oriente Médio. À parte as razões de cada um dos lados no mais recente conflito na Faixa de Gaza, a historiadora Arlene Elizabeth Clemesha enxerga um quadro basicamente dividido entre ocupante e ocupado, resultado de um processo de colonização. Para ela, os extremismos do ocupado – no caso o Hamas – são reflexo justamente desse movimento. “O Hamas surgiu da ocupação; sem ela, ele não existiria.” Com mestrado e doutorado em História Econômica pela USP, Arlene integra a diretoria do Instituto de Cultura Árabe e o comitê de coordenação do United Nations International Coordinating Network on Palestine. Autora do livro Marxismo e Judaísmo – História de uma relação difícil, Arlene ressalta a participação da sociedade civil – palestina e mundial – como peça essencial para a solução dos conflitos, responsabilidade que a seu ver não é de um lado ou de outro, e sim da comunidade internacional.
Por Ana Cristina D’Angelo
Foto: Bruno Bernardi
Que conceito de território explica o conflito entre Israel e a Palestina, pensando que o Hamas vê o território como islâmico e Israel não vê a legitimidade do Hamas?
A gente precisa voltar à origem do conflito. Porque, se você não busca a origem, parece que o que existe é um ciclo de violência sem fim. A origem desse conflito é muito simples de ser encontrada: é a ocupação israelense do território palestino em 1967, em Gaza e na Cisjordânia. E, se você quiser ir à origem dos fatos, é em 1948, quando 800 mil palestinos foram expulsos do território que virou Israel. E, hoje, são refugiados em Gaza, na Cisjordânia e no mundo árabe. Na verdade, tem refugiados palestinos no mundo todo.
Como que se chegou a isso? A quem se culpar? Qual é a responsabilidade?
Porque um processo que de fato leve a uma solução desse problema terá de levantar responsabilidades, ver como lidar com elas, a quem cabe repará-las e implementar uma resolução justa. Esse processo é extremamente difícil, mas sem ele você não chega à paz. Então, mesmo que hoje se criasse um Estado palestino, isso não ia apaziguar o conflito, porque seria um Estado muito aquém das exigências palestinas. As exigências não são só da Autoridade Palestina, ou da OLP (Organização para Libertação da Palestina), ou de algum partido, mas da população. Não se fala muito, mas há uma sociedade civil organizada na Palestina. Isso tem um peso político muito importante. Ela não entra nas negociações, a gente não ouve falar, mas está atuando. Ela também representa uma população, que traz reivindicações talvez complicadas de implementar, mas simples de resumir. Primeiro: estabelecer um Estado palestino com as fronteiras na linha de armistício de 1949. É a chamada Linha Verde. Hoje, o muro que Israel construiu está além da Linha Verde. Ele está dentro da Cisjordânia. Ele cobre 10% do território da Cisjordânia. Então, estabelecer um Estado palestino com territórios na Faixa de Gaza, mais a Cisjordânia e a fronteira na Linha Verde. Segundo: isso significa que a Jerusalém Oriental é palestina e a Jerusalém Ocidental, israelense. Só que hoje Israelocupa toda a Jerusalém. Inclusive, a comunidade internacional não reconhece Jerusalém como capital de Israel, tanto que a capital é Tel-Aviv. Terceiro: o direito de retorno dos refugiados.
A UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, essa que foi bombardeada agora, registrou 5 milhões e meio de refugiados. Então, este retorno dos refugiados é uma coisa que o Estado de Israel diz que é impossível, porque isso transformaria o Estado judeu em um Estado árabe. Ou de uma maioria árabe.
Nesse mapa não se pode deixar de mencionar o apoio dos Estados Unidos a Israel. Em que medida este apoio gera simpatias ou antipatias entre a comunidade internacional? E define as ações de órgãos como a ONU?
O papel dos Estados Unidos é fundamental, assim como foi o apoio da Inglaterra para o sionismo antes da criação do Estado de Israel. Os EUA repassam para Israel, em média, US$ 3 bilhões por ano. Não é empréstimo, é repasse. Os EUA sabem que Israel vai retornar grande parte disso na forma de compra de armas. Esses jatos F-16, por exemplo, são armas compradas dos americanos. O papel de Israel como aliado dos EUA dentro do Oriente Médio é fundamental para explicar a própria dominação do Oriente Médio hoje. Israel tem interesse, sim, na manutenção de uma base militar, que é mais do que isso, é um país militarizado apoiando a política americana. E isso explica por que a ONU não implementa atitudes concretas para fazer com que sejam cumpridas as suas resoluções. Nem sequer as resoluções de controle de segurança são cumpridas. Mesmo as resoluções do Conselho de Segurança não são aplicadas. Como a Resolução nº 242, da guerra de 1967, que obrigaria o Estado de Israel a retirar toda a ocupação dos territórios da Cisjordânia e de Gaza. Nunca foi cumprida.
Mas eles não saíram todos em 2005?
Em 2005 saíram 8 mil colonos de Gaza. Mas existem 400 mil colonos na Cisjordânia. A retirada desses 8 mil não significa que o território, hoje, é um território desocupado. Porque, o que define um território ocupado é a capacidade de um país de controlá-lo. Ou seja, há o controle das fronteiras, espaço aéreo, espaço marítimo. Então, Israel destruiu o aeroporto de Gaza. Há muito tempo Gaza não tem aeroporto. As fronteiras são todas fechadas, muradas. Gaza está com fronteiras fechadas e controladas pelo Exército israelense. O espaço marítimo também é controlado e praticamente não se pode pescar, o que seria uma das principais atividades para a população de Gaza. Então, é território ocupado, a ONU não considera como território desocupado.
A Palestina, por definição, é uma nação ainda não legitimada, apesar das promessas do governo americano. Aliás, quem deveria e teria condições de legitimar isso?
Para esse Estado palestino ser criado, ele precisa ter soberania e autonomia. Estas são as bases de um Estado. E, para isso, Israel tem de retirar seus 400 mil colonos da Cisjordânia. Deixar que o governo palestino controle as próprias fronteiras. Ou seja, retirar essa ocupação, que é uma ocupação militar, e uma ocupação de fato.
Mas como, se do lado do governo palestino, o Hamas não é reconhecido pela comunidade internacional?
O Hamas não é governo palestino, é governo da Faixa de Gaza. Como é que a gente chegou a esta situação, do Hamas governando Gaza? Disso pouco se falou. Porque em 2006 foram realizadas eleições para o conselho legislativo, ou seja, o Parlamento palestino. O Hamas obteve maioria e Israel não aceitou o resultado eleitoral. Então, a comunidade internacional – a União Europeia, e os Estados Unidos principalmente – passou a boicotar o governo.
O que significava este boicote? Você não tira uma carteira de identidade palestina. Não existe um passaporte palestino. Dessa forma, toda a documentação tem de passar por escritórios israelenses. E os impostos também são recolhidos pelo Estado de Israel, e, por isso, repassados para a Autoridade Palestina, segundo acordos feitos em 1993 e 1995, os Acordos de Oslo. Dentro deles é que foicriada a Autoridade Palestina. E a Autoridade Palestina concordou em realizar eleições, estas em que o Hamas foi vitorioso. Israel não aceitou e reteve os impostos, que, por obrigação teria de passar. Em seis meses, ninguém mais tinha salário. Assim, nas universidades, no serviço público, o que já não estava quebrado, quebrou completamente. Porque, depois da Intifada de 2000 a 2005, grande parte da infraestrutura palestina, dessa autoridade nacional, já estava quebrada. Por exemplo, em 2002, quando atacaram Jenin. É impressionante como os ataques foram dirigidos contra edifícios com documentação, infraestrutura. Tudo o que a Autoridade Palestina vinha construindo por anos, anos e anos, foi atacado. Além de a população ser massacrada.
A União Europeia fez a mesma coisa. E pararam de repassar as verbas que deveriam ter enviado conforme os Acordos de Oslo. Isso quebrou o governo. Mahmud Abbas decretou estado de calamidade, e mudou a liderança do Parlamento. O Hamas, então, após ganhar as eleições, assumiu o controle de Gaza, onde era mais forte e podia fazer isso. Porque a base do Hamas é e sempre foi Gaza. Em 2007, chegou a haver um governo de união nacional, formado pelo Fatah, pelo Hamas e por outros partidos também. Porque não é só Fatah-Hamas. Tem a Frente Democrática de Libertação da Palestina, a Frente Popular de Libertação da Palestina e uma série de outras organizações e partidos, como o Partido da Iniciativa Nacional. E este governo foi reconhecido pelo Brasil, foi reconhecido por vários outros Estados, mas não pelos poderosos do mundo. Não pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Diante desse momento histórico em que Barack Obama assume a Presidência dos Estados Unidos, podemos dizer que algo muda nessa ordem geopolítica? Pode-se entender que o poder estaria mais equilibrado e que as soluções locais serão mais respeitadas?
O discurso e as primeiras ações do Obama na nomeação do seu governo não indicam que vá haver alguma mudança significativa. Agora, engraçado é que governos e governantes tenham agido como se fosse haver uma mudança. Ou pelo menos com mais liberdade de movimentação. Isso foi muito positivo.
A postura americana de se colocar como guardiões da democracia vale para um lugar como o Oriente Médio, como a Palestina?
Bom, sempre que os Estados Unidos utilizaram esse argumento, o resultado foram atitudes contrárias à democracia, como as invasões. Mesmo contra um governo que era democrático, na Palestina. Agora, uma coisa à qual a gente tem de estar atento é para mudanças vindas de necessidades econômicas, de uma necessidade de, realmente, não continuar com a política agressiva e intervencionista que eles vinham sustentando. Então, acho que o mais provável, se a gente for pensar na possibilidade de uma mudança, é que tenha como origem a nova situação econômica dos EUA.
O conflito palestino é um dos que dependem da comunidade internacional para serem resolvidos. Ele não pode ser resolvido sem esse peso. E tem mais, é responsabilidade internacional. Porque é um problema criado pela ONU. Não foi um problema criado pela Palestina, não foi um problema criado pelos países árabes, não foi um problema criado por Israel sozinho. Ele foicriado pela ONU, quando tomou a decisão de realizar a partilha.
Se quiser ir mais a fundo, foi um problema criado pela Inglaterra, quando os ingleses dominavam a Palestina e apoiaram o movimento sionista, que trouxe imigrantes da Europa Oriental para uma terra que já era habitada. Onde já tinha uma nação. Não era um espaço vazio, como dizia a propaganda do governo Sionista na época. Então, em 1947, a ONU decidiu partilhar, dividir esse território entre judeus e árabes palestinos, e criou-se o problema.
A senhora disse que é uma questão da comunidade internacional. Mas quem é essa comunidade? Como isso se daria?
A gente tem de pensar na importância da sociedade civil. Porque as pessoas têm uma opinião, as pessoas têm uma consciência. Organizam-se e encontram maneiras de fazer uma grande diferença. Por exemplo, na época em que surgiu o apartheid, vários países, através da ONU e da comunidade internacional, começaram a adotar boicotes contra a África do Sul. O mesmo se tenta fazer em relação ao Estado de Israel. E isso é algo que partiu da sociedade civil palestina: um apelo por boicotes. Várias organizações ao redor do mundo assumiram essa luta. Outro dia, 29 de novembro, o presidente da Assembleia-Geral da ONU, o padre Miguel D’Escoto Brockmann, fez um discurso questionando se não seria o caso de a ONU pensar seriamente em aprovar boicotes, sanções e desinvestimentos contra o Estado de Israel, até que ele cumpra as resoluções da ONU. Se a Assembleia-Geral aprovar isso, uma resolução da Assembleia-Geral diria: “Uma vez que é um Estado que há 60 anos descumpre as resoluções da ONU, a lei internacional, recomendamos que todos os países-membros da Assembleia-Geral passem a implementar boicotes em relação ao Estado de Israel.” E aí quem tem que implementar isso? Os países, os governos, a partir do movimento que começou com a sociedade civil palestina.
Agora, vou fazer o papel de advogada do diabo. Admitindo-se que esse conflito também é de interesse da indústria armamentista, temos, de um lado, a comunidade internacional voltada para as sanções e, de outro, o poder econômico. Até onde Obama, por exemplo, teria capacidade de enfrentar a indústria armamentista americana?
Geralmente este é o xis da questão. A gente está falando em interesses econômicos. Nenhum governo quer ter uma postura que possa ser condenada. O Brasil é o terceiro maior importador de produtos israelenses no mundo. Então, há interesses econômicos fortíssimos apenas neste caso. No caso dos Estados Unidos, mais ainda.
Que paralelos desse conflito podemos traçar com disputas brasileiras, entre grandes fazendeiros e os sem-terra, indígenas, quilombolas, que seguem a lógica de uma sociedade de trabalho e consumo coletivo?
Bom, a organização é muito importante. Durante a primeira Intifada, foi notável a forma como as comunidades de bairro, camponesas, os vilarejos, se organizaram para boicotar Israel. Foi uma primeira atitude de resistência não-violenta e de organização dentro da comunidade, da terra. Você está perguntando sobre uma dinâmica ali, na terra. E isso é muito importante, principalmente se a gente entende como é a colonização sionista.
Seria como se os palestinos dos vilarejos, do campo ou mesmo das cidades estivessem no lugar dos camponeses sem-terra. E o Estado de Israel organizando os fazendeiros. O que acontece ali é uma colonização que teve início no começo do século XX, com imigrantes da Europa Oriental chegando e formando colônias agrícolas. Com mão-de-obra apenas judaica, sem empregar mãode- obra árabe. Os chamados kibutzim. Esses kibutzim, ao mesmo tempo criavam, consumavam a ocupação da terra e do trabalho e não permitiam a permanência do palestino na terra. Por onde chegavam essas colônias, tanto os kibutzim como outras formas de organização, expulsavam o camponês, o original da terra, o que estava ali há séculos. Então, é exatamente um processo de colonização para ocupação da terra, não para a exploração do trabalho. A mesma coisa continua acontecendo hoje na Cisjordânia.
As colônias sionistas são como bairros judeus dentro da Cisjordânia, são células de ocupação da terra e expulsão, portanto, do trabalhador. Esses israelenses que estão nessas colônias em território ocupado na Cisjordânia não trabalham ali. Trabalham, grande parte, em Israel e vivem na Cisjordânia. Nessas estradas, palestino não pode circular. Tem as barreiras, tem a polícia rodoviária olhando para ver se não tem nenhuma placa árabe. Por essas estradas, que estão na Cisjordânia, não pode circular um árabe. Então isso é nada mais do que segregação racial, é racismo.
Isso é apartheid. Aliás, vários dirigentes sul alfricanos, como Desmond Tutu, que é um dos nomes mais notórios do processo de reconciliação de toda a África, ao visitar a Palestina disse que o que existe lá é pior do que o apartheid.
Mas, se o Hamas tem a legitimidade da população local para governar, por que não encontra isso na comunidade internacional?
Bom, primeiro, ninguém em sã consciência pode apoiar politicamente o Hamas como governo, não é algo que se queira. Mas ninguém, também, que tenha uma consciência do que é a questão palestina, vai deixar de apoiar o Hamas na sua resistência a Israel. Porque são duas coisas diferentes. É um fraco opondo resistência ao Estado de Israel. E isso não se pode colocar na mesma balança.
Agora, a carta de fundação do Hamas, realmente parece coisa de doido. É fundamentalista. Só que o Estado de Israel tem a mesma coisa. Israel não tem Constituição e as suas leis são todas leis religiosas. Então, se você for ver o que dizem várias das leis israelenses, eles não são mais responsáveis do que o Hamas. É por isso que prefiro nem entrar nessa questão. Porque condeno toda a mistura de religião e política nessas duas partes. Só que, nessas duas partes, existe um ocupante e um ocupado. E até mesmo os extremismos do ocupado são reflexo da ocupação.
O Hamas surgiu depois da ocupação. Sem a ocupação, ele não existira. Aliás, o Hamas surgiu lá na década de 1980, com o Apoio financeiro de Israel. As formas cada vez mais radicais que os ocupados vêm assumindo são reflexo da instransigência do ocupante. Porque o governo palestino, até uma década atrás, não tinha traços de religiosidade. A população é bastante religiosa. E o próprio Yasser Arafat era um homem religioso. Mas a sua casta política, a sua proposta de governo era absolutamente laica, nacionalista laica. Então, agora, a tendência ao fundamentalismo é generalizada em todo o mundo, e não é só no mundo islâmico. É entre cristãos, e no judaísmo também, cada vez mais.
Como é o acesso dos palestinos à internet? Tem alguma rede on-line que possa servir de plataforma para essa organização da sociedade civil? Em Cuba, por exemplo, existe, e eles a chamam de blogostroika (leia a respeito na ed. 23 de Página 22, de setembro de 2008). São blogs cubanos que vivem quase em um país desejado, quase um país imaginário. Também seria uma maneira de organizar manifestos, ou os próprios encontros. Os cubanos vão fazer o primeiro encontro da blogostroika on-line, o que é outro território. Existe esse tipo de movimento na Palestina?
Tem internet, tem vários sites que são muito importantes na organização. Há um ano surgiu um site, o www.bdsmovement.net. É de um grupo muito grande, pode-se dizer que é o conjunto da sociedade civil palestina organizada. Há centenas de organizações por trás desse comitê, chamado Comitê Nacional de Boicote. A possibilidade da utilização da internet é fundamental. Porque eles lançaram o apelo em julho de 2005 pelo boicote. Esse apelo foi aprovado em uma reunião da sociedade civil na ONU no mesmo julho de 2005. Na Folha de S.Paulo saiu um artigo da Naomi Klein (jornalista, escritora e ativista judia-canadense) defendendo o boicote. No final do texto, ela cita o caso de uma empresa, inglesa, que confirmou um contrato com uma firma israelense, dizendo mais ou menos assim: “Olha, não é por nada não, mas a gente está perdendo dinheiro. Nossos consumidores não estão comprando os nossos produtos por causa da nossa colaboração.” Então, há vários exemplos de boicote.
Isso segue a mesma tática da guerrilha, não é? Fazer a coisa funcionar no paralelo, já que por meio das grandes instituições não se resolve.
Exatamente. É a pressão, a chamada resistência não-violenta.
Hoje, ainda falta um líder carismático nessa situação? Com todos os problemas, falamos do Arafat. O Obama é um líder carismático, o Lula foi o nosso líder carismático. Então, quem sabe a Palestina precise de um grande nome, um superpolítico?
Na ausência de um líder carismático, e mesmo na presença de um líder carismático, eu acho que vale mais a pena dizer o seguinte: o que falta é a unificação da sociedade palestina para reivindicar aquilo que ela acredita que tem direito a reivindicar. Acho que falta mesmo é a unificação social e uma unificação interna.