O grande desafio é buscar a integração entre as diferentes escalas de bioeconomia – a tradicional, a florestal e a de commodities, na visão de debatedores que abriram o Fórum de Inovação em Investimentos na Bioeconomia Amazônica (F2iBAM)
Conservação da floresta, desenvolvimento capaz de reduzir desigualdades sociais, ciência e tecnologia com formação de profissionais na região e diversidade de gênero, geracional e étnica são os princípios básicos que devem direcionar os rumos da bioeconomia na Amazônia. O panorama foi apresentado nesta segunda-feira, dia 14, pela economista Tatiana Schor, secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas, na abertura do Fórum de Inovação em Investimentos na Bioeconomia Amazônica (F2iBAM), que se realiza de modo virtual entre 14 e 25 de junho. O objetivo é reunir novas vozes, sinergias, experiências e caminhos para políticas públicas e aporte de capital condizentes à realidade e importância da região no contexto de demandas globais, como a da mudança climática.
Na análise de Schor, o grande desafio é buscar a integração entre diferentes escalas de bioeconomia. Além do modelo tradicional, vinculado às comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, diz a economista, existe uma bioeconomia florestal, no formato do século XIX e início do XX, baseada em mercados desestruturados de produtos da biodiversidade, com falta de informação de preço e safra. “A modalidade funciona no conceito de ‘redes conhecimento produtivo’ que não se articulam na Amazônia e exigem soluções para que consigam alavancar processos mais modernos inclusivos”, ressaltou (leia mais sobre bioeconomia amazônica aqui).
A terceira categoria, segundo ela, é a bioeconomia de commodities, alicerçada no agronegócio e alta tecnologia em diferentes mercados, como alimentos, bioinsumos, biofármacos. “Para além de uma economia da floresta em pé, é necessário expandir e ter mais áreas de floresta, na integração com o agronegócio”, destacou Schor durante o encontro – iniciativa conjunta da rede Uma Concertação pela Amazônia, composta por diversos atores públicos e privados, e do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, que reúne os nove estados da região em torno de uma agenda comum voltada ao desenvolvimento sustentável.
“A bioeconomia integra, como fator estruturante, o Plano Plurianual de desenvolvimento do Amazonas, com uso da capacidade industrial consolidada há mais de 30 anos em Manaus”, reforçou Jório Veiga, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Para Elizabeth Farina, diretora executiva do WRI-Brasil e representante de Uma Concertação pela Amazônia, “inovação e investimentos são elementos críticos e estratégicos quando se discute a construção do desenvolvimento a partir das diferentes modalidades de bioeconomia, valorizando o capital natural da região associado à sociobiodiversidade”. Ela enfatizou que a participação do setor privado é chave, mas não exclui a presença e apoio dos governos em escala federal e local: “A inovação inclui a maneira como os atores se articulam e conversam sobre o tema”.
A partir desta edição, o F2iBAM torna-se um evento anual permanente, integrado ao calendário do Plano Recuperação Verde da Amazônia Legal, que será apresentado pelo Consórcio Interestadual durante o encontro, no dia 25. Nesta e na próxima semana, serão discutidos temas como as experiências latino-americanas de investimento em bioeconomia, oportunidades e desafios com os marcos regulatórios do setor e iniciativas envolvendo produtos de destaque, como a castanha-do-brasil e o pirarucu selvagem, entre outros pontos da agenda.
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