Dia da Caatinga celebra a riqueza natural que floresce com as chuvas no sertão e inspira imagens fotográficas sobre uma realidade pouco conhecida pelos brasileiros
Fotos e texto: André Pessoa
No momento em que defender a ciência no Brasil pode terminar em guerra ideológica, boas notícias vindas da natureza dão esperanças de um novo futuro. Com as fortes chuvas no Semiárido brasileiro no atual “inverno” 2021/2022, a vegetação da Caatinga virou palco de uma verdadeira explosão de vida, cores, formas e texturas.
É um banquete para os pesquisadores que a cada imersão nesse ambiente natural – exclusivo do Brasil – descobrem novos segredos. Considerado um dos botânicos mais atuantes no meio científico, o professor José Alves de Siqueira Filho, autor do clássico Flora das Caatingas do Rio São Francisco, ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura em 2013, ainda hoje se surpreende com a vegetação típica do interior nordestino.
Seu trabalho, em conjunto com outros 99 pesquisadores, de 39 instituições de pesquisa do País, permitiu reunir resultados promissores. Já são mais de mil espécies de plantas classificadas na Caatinga, em especial nos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Piauí, algumas dezenas endêmicas, que só existem em uma área ou região específica.
Como Siqueira, centenas de outros pesquisadores desbravam a Caatinga em todos os seus detalhes e, nos próximos anos, os resultados devem dar maior visibilidade ao bioma. Com isso, vão ajudar na conservação desse ambiente natural tão menosprezado pelos brasileiros durante décadas, unicamente associado a fome, miséria e chão rachado.
Os resultados da ciência contribuem também para dar escala a iniciativas locais de restauração florestal, como as ações do viveiro Mata Branca, que neste ano completa uma década de produção, plantio e distribuição de mudas da Caatinga no povoado da Serra Vermelha, zona rural do município de São Raimundo Nonato, Piauí.