Negócios da sociobiodiversidade amazônica participam da maior exposição de produtos naturais da América Latina
Por Mônica. C. Ribeiro
Já se reconhece que o potencial da bioeconomia da Amazônia é imenso, e ainda não de todo conhecido. A conservação da maior floresta tropical do planeta é fundamental não só para a questão da emergência climática e da manutenção da biodiversidade, mas também pelos saberes e ativos que ela oferece, usados em medicamentos, cosméticos e alimentos.
Já existem, na Amazônia Legal brasileira, iniciativas e negócios, de tamanhos e perfis variados, que trabalham utilizando esses saberes e ativos em produtos e serviços que geram impactos positivos para a floresta e para as populações que vivem lá.
O chamado ecossistema de impacto amazônico vem se estruturando aos poucos, avançando com uma miríade de atores: empreendedoras e empreendedores, organizações da sociedade civil, filantropia, incubadoras, aceleradoras, investidores e por aí vai.
Embora ainda jovem, esse ecossistema tem se destacado por soluções inovadoras, desenhadas a partir das necessidades dos negócios para garantir seu impacto positivo e ter sustentabilidade econômica. Em muitos casos, em escalar sua produção.
É o caso do movimento Amazônia em Casa Floresta em Pé, que participa em junho do seu primeiro evento presencial, e a estreia acontece na maior feira de produtos naturais da América Latina, a NaturalTech, de 8 a 11 de junho na cidade de São Paulo.
Criado em 2020 como uma solução possível para negócios de impacto amazônicos que tiveram a venda de seus produtos total ou em grande parte reduzida por causa da pandemia da Covid-19, o movimento tornou-se neste ano um programa de acesso a mercados, com edital de seleção de novos negócios para integrarem o grupo de marcas inicialmente presente na criação da estratégia.
Esses novos negócios juntaram-se às 16 marcas que inicialmente compunham o movimento, e hoje já são 35. Destas, 32 estarão presentes na NaturalTech. Se nos dois primeiros anos a iniciativa concentrava-se em campanhas e marcos específicos de ativação – como mês da Amazônia, Green Friday e Natal – e comercialização online dos produtos, em 2022 o grupo experimenta, pela primeira vez, a participação em uma feira presencial.
Os negócios oferecem aos visitantes da feira chocolate com cacau nativo, café agroflorestal, castanhas, sucos, guaraná, suplementos alimentares, farofas, tucupis, geleias, pimentas, molhos, óleos, pescados, biocosméticos, artesanato, acessórios, entre outros produtos naturais.
“A Naturaltech é a maior feira do nosso setor, para produtos naturais e sustentáveis. Portanto, a nossa expectativa é aproveitá-la como uma grande vitrine para as marcas, para novos produtos da Amazônia e principalmente para que consumidores, distribuidores e parceiros vejam os produtos da floresta como um segmento com muito potencial. Seremos agricultores, indústrias, marcas e parceiros que fazem acontecer toda a cadeia de produtos da Amazônia. E estaremos lá buscando o cliente, o elo que completa um ciclo de negócios da floresta em pé, da produção sustentável, ao consumo consciente”, diz Paulo Reis, um dos organizadores da participação do movimento Amazônia em Casa Floresta em Pé na NaturalTech e empreendedor da Manioca e da Amazonique.
A feira reúne anualmente o setor de produtos naturais, integrais, fitoterápicos e tratamentos complementares. Segundo a organização do evento, um mercado que cresce cerca de 4,4% ao ano, fazendo o Brasil ocupar o 4º lugar no ranking de faturamento mundial. É oportunidade para troca de experiências entre produtores, redes varejistas e consumidores finais, o que potencialmente trará visibilidade e contribuirá para ampliar a presença desses produtos no mercado.
“Queremos levar a ideia de que, consumindo produtos da floresta de forma responsável, nós ajudamos a mantê-la de pé. Esses empreendimentos terão oportunidade de mostrar para o Brasil a potência e influência dos saberes e sabores da Amazônia na economia, na cultura e na manutenção da vida na Terra”, diz Guilherme Faleiros, coordenador do programa de acesso a mercados pela Amaz aceleradora de impacto.
O movimento Amazônia em Casa Floresta em Pé é coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), pela Amaz Aceleradora de Impacto e pela Climate Ventures, com o propósito destravar o acesso ao mercado para os produtores da sociobiodiversidade amazônica. Tem como apoiadores Mercado Livre, Fundo Vale, GIZ, Clua, Instituto humanize e Instituto Clima e Sociedade.
A feira ocorre no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na Avenida Olavo Fontoura 1.451. A participação é gratuita, mas é preciso se inscrever no site do evento.