A grande maioria dos líderes empresariais no Brasil diz considerar a sustentabilidade um tema estratégico para os negócios, mas quase metade das empresas investe menos de 1% em ações dessa agenda, revela pesquisa
A consultoria global Roland Berger realizou uma pesquisa com mais de 40 empresas nacionais e internacionais que atuam no Brasil para avaliar a percepção de executivos C-Level, da alta liderança e demais colaboradores em relação à evolução da agenda ESG no País e verificar qual o nível de importância dado para adoção de práticas corporativas mais sustentáveis dentro da estratégia do negócio.
O estudo “Panorama da Sustentabilidade no Brasil” revela que quase metade das empresas (46%) investe menos de 1% de sua receita em ações de sustentabilidade. Aproximadamente um terço (36%) destina entre 1% e 5% do faturamento e apenas uma minoria – 18% – dedica mais de 5% do faturamento.
Por outro lado, a pesquisa mostra que 84% dos líderes empresariais consideram a sustentabilidade como um tema central para a estratégia dos negócios e quase metade (49%) dos entrevistados esperam aumentar o percentual investido na área em 2024, sinalizando o reconhecimento da importância desse pilar no cenário atual.
“É possível observar um contraste entre a compreensão da importância do investimento sustentável e a ação efetiva nessa direção. Esse é um ponto que precisa ser atacado com urgência, pois as empresas têm um papel fundamental no combate à mudança climática”, afirma Pedro Guimarães, presidente da Roland Berger.
A pesquisa, que destaca a indústria como o setor mais proativo em investimentos sustentáveis, também evidencia uma discrepância entre a alta liderança e os demais funcionários em termos de percepção sobre a importância da sustentabilidade. Apenas 42% dos funcionários veem o tema como central, o que aponta para uma oportunidade de melhoria no envolvimento e comunicação interna dentro das empresas.
De acordo com Guilherme Issa, diretor responsável pela pesquisa feita pela Roland Berger, isso pode ser explicado pela falta de aplicação do tema no dia a dia e a falta de conexão entre metas e incentivos. “Tratam a sustentabilidade com a mesma ambição, quantificação e pragmatismo de outros projetos. Para reverter esse quadro, é necessário que a área tenha objetivos e incentivos próprios, com uma comunicação clara das metas na divulgação dos resultados”, avalia Issa.
Entre os benefícios esperados a partir do investimento na área, o fortalecimento da reputação da marca é apontado por 77% dos entrevistados, seguido por aumentar a confiança dos investidores (41%), garantir preferência do consumidor (38%) e promover a inovação (36%). Garantir a disponibilidade de recursos (23%), buscar redução de custos (21%) e aumentar a resiliência frente à nova legislação (20%) não chegam a um terço das respostas, o que mostra que a maior parte dos entrevistados ainda não enxerga a importância estratégica da sustentabilidade para promover uma melhora nos indicadores financeiros da companhia.