Maratonas de emagrecimento coletivo tornam-se cada vez mais comuns nos Estados Unidos – o país onde a obesidade e a competitividade tomam proporções epidêmicas.
Tome-se o caso da pequena Nevada City, no estado da California. Cerca de mil pessoas, um terço da população do município, participaram de um programa de ajuda mútua que levou à perda de um total de 4 toneladas de gordura num período de oito semanas.
Os moradores da cidade foram organizados em times que competiam para ver quem conseguiria emagrecer mais rápido. Os organizadores começaram a promover enormes encontros semanais que ofereciam aulas de jazz, massagem, avaliações médicas e palestras sobre nutrição e saúde. Restaurantes criaram menus de baixas calorias e supermercados ampliaram as promoções de frutas e verduras.
Isto ocorreu em 2003. Desde então, essa modalidade de regime coletivo espalhou-se pelo país. Segundo Carole Carson, que lançou o conceito em Nevada City, a iniciativa teve sucesso porque é muito difícil perder peso sozinho. “Se você já tentou perder peso sozinho, sabe como isso é difícil, solitário e deprimente”, disse ela recentemente à revista American Profile, espécie de concorrente da Reader’s Digest. Já o esforço conjunto e a pressão de amigos e parentes aumentam a disposição dos participantes. “Nós conseguíamos nos divertir”, disse Carson.
Os moradores de Albert Lea, no estado de Minnesota, foram mais longe. Seu objetivo não era apenas emagrecer, mas também melhorar sua qualidade de vida em outros departamentos. Decidiram reavaliar seus hábitos para aproximá-los dos de outras culturas onde as pessoas vivem mais e melhor. Eles começaram a se exercitar, melhoraram sua dieta e repensaram o lazer. Pais começaram a levar seus filhos para a escola a pé, em grupos. Restaurantes reduziram o tamanho dos pratos servidos. Foram abertas hortas comunitárias. Avaliações recentes indicam que a população local está vivendo três anos suplementares graças às mudanças.
Um dos líderes desse esforço de mobilização comunitária por uma vida melhor é o chef inglês Jamie Oliver. No ano passado, ele se instalou durante algumas semanas em Huntington, no estado de West Virginia, considerada a cidade mais obesa dos Estados Unidos. Ali ele gravou o reality show Food Revolution. Seu objetivo: reeducar a população local, reformar o cardápio das escolas (como ele já havia feito na Inglaterra) e, com isso, melhorar a saúde, a disposição e a longevidade de todos.
Graças a um imenso talento de comunicador, ele esfregou no rosto dos moradores de Huntington o fato de que seus filhos eram incapazes de identificar frutas e legumes e que havia evidências de que essas crianças viveriam menos tempo que seus pais. Oliver promoveu aulas públicas de culinária básica, ensinando pratos simples que substituíssem os congelados. Os episódios podem ser assistidos aqui (em inglês).
O chef inglês está em vias de começar a gravação da segunda temporada do programa em Los Angeles, mas não está conseguindo autorização para entrar nas cozinhas das escolas locais. “Estou preso do lado de fora”, reclamou ele dias atrás, em entrevista coletiva. “E eu preciso entrar no sistema escolar, porque esse é o lugar que determinará como a saúde de uma criança será quando ela chegar aos 20 anos.”
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