As universidades americanas nunca estiveram tão em baixa. O seu papel na educação e na economia está sendo questionado por vários grupos que começam a se articular numa campanha para frear a pressão dos genitores para que seus filhos frequentem o ensino superior. Os militantes anti-universidade argumentam que os estudantes e suas famílias adquirem dívidas pesadas para pagar por cursos que não preparam os profissionais para o mundo moderno e que não representam garantia de emprego. O movimento parece instigado pelos novos milionários do mundo da informática, garotos imberbes que fizeram fortuna sem obter o canudo (ou, dizem eles, justamente por isso).
Um dos expoentes dessa tendência é a Thiel Foundation, que dá 20 bolsas anuais de US$ 100 mil para estudantes abaixo de 20 anos dispostos a abandonar os estudos e abrir um negócio inovador ou realizar pesquisas por conta própria. Criada por Peter Thiel, um dos criadores do website de intermediação de pagamentos Paypal, a fundação também contrata tutores para ajudar os agraciados a avançar nos seus projetos ao longo de dois anos. “Não estamos dizendo que a universidade é errada para todos”, já disse um dos dirigentes da entidade, James O’Neill. “Mas nos campos do empreendedorismo e da inovação, como a informática e a internet, é necessária uma combinação de habilidades e engajamento que as universidades geralmente não ensinam de forma efetiva. Nesses casos, provavelmente é melhor aprender com as experiências do mundo real.”
Na web, diversos grupos se propõem a reunir instrumentos que ajudem a multiplicar tais experiências. Um deles é o UnCollege, uma “organização que está mudando a noção de que ir para a universidade é o único caminho para o sucesso”. Criado por Dale Stephens, bolsista da Thiel Foundation, ele se propõe a ajudar os jovens a “incrementar sua educação”, encontrando um caminho individualizado de auto-educação. O UnCollage compila, por exemplo, dezenas de recursos online, como cursos universitários abertos, palestras em vídeo e áudio, livros acadêmicos digitalizados, comunidades de auto-educação e softwares.
Um segundo grupo, Zero Tuition College (que poderia ser traduzido como Universidade com Mensalidade Zero), já reúne 442 estudantes dispostos a se auto-educar e a buscar mentores ou pares ao longo desse processo. Ele foi criado por outro líder nessa discussão, Blake Boles, que escreveu um livro a respeito: “Better than College – How to Build a Successful Life Without a Four-Year Degree” (“Melhor do que a Universidade – Como Construir uma Vida de Sucesso sem Curso Superior”). Veja no vídeo uma pequena palestra em inglês em que ele sintetiza o espírito desse movimento.
Qual a sua opinião? A sociedade deveria rever o papel da educação superior e restringi-la a umas poucas carreiras, como a medicina e a advocacia?
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As universidades americanas nunca estiveram tão em baixa. O seu papel na educação e na economia está sendo questionado por vários grupos que começam a se articular numa campanha para frear a pressão dos genitores para que seus filhos frequentem o ensino superior. Os militantes anti-universidade argumentam que os estudantes e suas famílias adquirem dívidas pesadas para pagar por cursos que não preparam os profissionais para o mundo moderno e que não representam garantia de emprego. O movimento parece instigado pelos novos milionários do mundo da informática, garotos imberbes que fizeram fortuna sem obter o canudo (ou, dizem eles, justamente por isso).
Um dos expoentes dessa tendência é a Thiel Foundation, que dá 20 bolsas anuais de US$ 100 mil para estudantes abaixo de 20 anos dispostos a abandonar os estudos e abrir um negócio inovador ou realizar pesquisas por conta própria. Criada por Peter Thiel, um dos criadores do website de intermediação de pagamentos Paypal, a fundação também contrata tutores para ajudar os agraciados a avançar nos seus projetos ao longo de dois anos. “Não estamos dizendo que a universidade é errada para todos”, já disse um dos dirigentes da entidade, James O’Neill. “Mas nos campos do empreendedorismo e da inovação, como a informática e a internet, é necessária uma combinação de habilidades e engajamento que as universidades geralmente não ensinam de forma efetiva. Nesses casos, provavelmente é melhor aprender com as experiências do mundo real.”
Na web, diversos grupos se propõem a reunir instrumentos que ajudem a multiplicar tais experiências. Um deles é o UnCollege, uma “organização que está mudando a noção de que ir para a universidade é o único caminho para o sucesso”. Criado por Dale Stephens, bolsista da Thiel Foundation, ele se propõe a ajudar os jovens a “incrementar sua educação”, encontrando um caminho individualizado de auto-educação. O UnCollage compila, por exemplo, dezenas de recursos online, como cursos universitários abertos, palestras em vídeo e áudio, livros acadêmicos digitalizados, comunidades de auto-educação e softwares.
Um segundo grupo, Zero Tuition College (que poderia ser traduzido como Universidade com Mensalidade Zero), já reúne 442 estudantes dispostos a se auto-educar e a buscar mentores ou pares ao longo desse processo. Ele foi criado por outro líder nessa discussão, Blake Boles, que escreveu um livro a respeito: “Better than College – How to Build a Successful Life Without a Four-Year Degree” (“Melhor do que a Universidade – Como Construir uma Vida de Sucesso sem Curso Superior”). Veja no vídeo uma pequena palestra em inglês em que ele sintetiza o espírito desse movimento.
Qual a sua opinião? A sociedade deveria rever o papel da educação superior e restringi-la a umas poucas carreiras, como a medicina e a advocacia?