Praia do Porto da Barra, Mercado Modelo, Ilha dos Frades e até a linha férrea do Subúrbio podem ficar embaixo d’água. Confira as imagens
Salvador, a quarta maior cidade do Brasil, pode perder vários pontos turísticos famosos com o aumento do nível do mar, de acordo com o cenário previsto pela agência Climate Central e projetado na exposição Salvador 2100, a ser lançada neste domingo (5), Dia Mundial do Meio Ambiente. A capital com o segundo maior litoral do País é apresentada neste trabalho a partir dos locais que poderão ficar submersos daqui a 78 anos.
A mostra fotográfica é realizada pela Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação da Câmara Municipal de Salvador e tem o apoio da Organização das Nações Unidas, através do Pnud, além de redes internacionais como C40, Fundação Konrad Adenauer (KAS), Agência de Implementação da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento (GIZ) e Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei).
“A crise climática já está aqui. As chuvas na Bahia, Rio, Minas, Pernambuco com a trágica perda de vidas, as secas que afetam a produção de comida e os preços da eletricidade, as ondas de calor que assola nossas cidades a cada verão, são todos sinais claros da velocidade com que o clima está mudando pela ação do ser humano. As imagens dessa exposição mostram como não há outra opção a não ser tomar ações urgentes e efetivas já para reduzir emissões e preparar nossas cidades para minimizar os impactos climáticos”, explica Ilan Cuperstein, vice-diretor regional da C40 para América Latina.
As projeções foram feitas considerando uma elevação do nível do mar de 55 centímetros em 2100, o que vai ocorrer caso a temperatura média do planeta aumente em 1,5 grau, de acordo com Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da Organização das Nações Unidas (IPCC). “Essa é uma previsão até otimista, pois caso o planeta fique 3 graus mais quente, o aumento do nível do mar vai ser de mais de 1 metro, ocasionando muitas outras perdas”, explica a arquiteta e curadora da exposição, Manuela Accioly.
“A exposição Salvador 2100 ajuda a materializar a percepção do dano, e do impacto potencial da omissão ante a crise climática. As cidades brasileiras, apesar de todo o esforço das prefeituras, já vem sofrendo danos estruturais e convivendo com perdas de vidas, essas irreparáveis. A mudança só virá se houver uma consciência coletiva em relação à sua necessidade. E a arte é o instrumento mais poderoso para mudar hábitos e sensibilizar a todos para a importância da agenda climática”, comentou Rodrigo Perpétuo, diretor executivo para a América do Sul do Iclei.
De acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 26,6% da população vivendo em municípios da zona costeira, o que equivale a 50,7 milhões de habitantes. Dessa porção, cerca de 3 milhões vivem em Salvador e ao menos 1,35 milhão de soteropolitanos vivem em áreas de risco que se relacionam com inundações, deslizamentos de terra, erosões costeiras, escassez hídrica e elevação do nível do mar.
Para a diretora ProAdapta/ GIZ, Ana-Carolina Câmara, a exposição cumpre um papel positivo de conscientizar a população: “As ameaças decorrentes da mudança do clima são particularmente pronunciadas nas cidades. No caso específico de Salvador, onde, em função da topografia irregular e das características da expansão urbana, aproximadamente metade da população vive em áreas vulneráveis. Neste contexto, a exposição Salvador 2100 consolida-se como uma iniciativa arrojada para voltar a atenção dos riscos associados à mudança do clima não apenas à infraestrutura e à população soteropolitana, mas também, aos patrimônios histórico, cultural e natural”
Engenheiro ambiental e presidente da comissão que organiza a exposição, o vereador André Fraga, do Partido Verde brasileiro, também destacou a importância desse debate. “A capital baiana tem cerca de 50 quilômetros de orla que já estão sentindo os efeitos das mudanças climáticas com ressacas cada vez mais fortes e redução da faixa de areia. A tendência pro futuro é piorar. Precisamos nos preparar para este cenário”, argumenta.
Diante da crise global do clima, a comissão foi montada para acompanhar a implementação de planos importantes na cidade, como o de Arborização Urbana e o Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas, além da Lei Municipal de Inovação. “Trata-se de um grupo de trabalho formado para contribuir com a cidade no enfrentamento dos desafios causados pelas mudanças climáticas. A exposição é fruto concreto desse trabalho”, diz Fraga.
Serviço
O quê? Exposição Salvador 2100.
Onde? No piso L2 do Salvador Norte Shopping
Quando? A partir do dia 5 de junho de 2022, no horário de funcionamento do shopping
Ingressos: Gratuito
Crédito das imagens: MyPhantomToy