A agenda de adaptação à mudança do clima avançou muito timidamente no Brasil, o que impõe a necessidade de disseminar mais este conhecimento para mobilizar governos, empresas e pessoas. O País, espantado a cada desastre climático, corre atrás dos prejuízos e sofre danos irreparáveis, como perdas humanas. Separamos aqui duas edições inteiras em que a Página22 mergulhou de cabeça no tema da adaptação, em 2013 e em 2016. Confira cada uma e veja o que avançou de lá para cá, e o que ainda precisa ser feito para prevenir, antes de precisar remediar
Por Magali Cabral
“Adaptar-se é da natureza da matéria viva. A evolução da vida na Terra é uma épica história de adaptação contada em bilhões de anos. Entre as espécies mais resilientes está a humana, uma das poucas capazes de habitar qualquer bioma. Ao mesmo tempo, é a única a impor a todas as outras uma mudança radical no ambiente, em ritmo que ela mesma tem tido dificuldade de acompanhar”.
O trecho acima foi pinçado da apresentação da edição de maio de 2013 de Página22, toda ela dedicada ao tema da adaptação aos efeitos da mudança climática, isto é, a capacidade de diminuir vulnerabilidades, aumentar a resiliência de ecossistemas e enfrentar perigos com os menores impactos sociais e econômicos possíveis.
O tema não é novo, mas é um dos mais atuais porque, apesar dos avisos feitos há décadas pela comunidade científica e pela mídia especializada, o País não se preparou adequadamente para a crise do clima. Uma das reportagens mostra que o assunto despontou mais fortemente na Convenção do Clima em Marrakesh, a COP 7, realizada em 2001. Na maioria das vezes, o Brasil continua atuando de maneira emergencial, “apagando incêndios”, e deixando de lado o aumento da resiliência.
Financiamento para adaptação é outro dos subtemas abordados em reportagem: “É plausível afirmar que os investimentos em projetos de adaptação à mudança climática são ínfimos, dada a magnitude dos impactos que alguns eventos extremos, como furacões, elevação do nível dos oceanos e enchentes podem vir a provocar na economia. Entretanto, não mente quem diz que os recursos financeiros para conter os efeitos perversos do aquecimento global já estão por toda parte, ainda que não carreguem a etiqueta da adaptação”.
Mas pesquisadores creem que mais importante ainda que recursos específicos para corrigir eventuais ações que podem nem ocorrer é endereçá-los à produção e disseminação de conhecimento do problema. Hoje, a principal ferramenta para se fazer adaptação é a boa informação.
A falta de reconhecimento e conscientização acerca do problema da adaptação indica barreiras comportamentais ou culturais que impedem ou dificultam ações adaptativas, já que o risco climático nem sempre é percebido ou reconhecido como um perigo real.
Para aprimorar o seu conhecimento sobre adaptação à mudança do clima, acesse a edição 74 da revista “Adaptação – por que esta agenda ainda não ganhou toda a atenção que merece”. E, se quiser mergulhar ainda mais fundo nesse tema, experimente também este conteúdo de P22 ON.